Atraso no desenvolvimento da linguagem

Você provavelmente já ouviu frases como “ele ainda não fala, mas meninos são mais preguiçosos” ou “não desenvolveu a linguagem porque ainda não entrou na escola”.  

O atraso da linguagem é uma condição que precisa ser olhada com maior atenção! A linguagem é uma função super importante, pois permite a expressão dos nossos sentimentos, pensamentos e desejos, é fundamental para o aprendizado e socialização.  

Essa é uma habilidade que se desenvolve conforme o amadurecimento do cérebro nos primeiros anos de vida. Os estímulos do ambiente são muito importantes, mas a ausência deles não justifica um atraso persistente da fala. 

Para cada faixa etária existem habilidades de linguagem esperadas, conhecer esses marcos é o primeiro passo para suspeitarmos de um atraso. 

Por exemplo: Bebês de 6 meses vocalizam – “aaaa”  “eee” e viram na direção do som de um chocalho ou de uma voz; bebês de 9 meses balbuciam (sons de sílabas) “ba” “ma”; crianças de 1 ano dizem palavras com sentido “mãe”, “bola” e seguem comandos de uma etapa “pegue a bola”;  crianças de 2 anos são capazes de juntar palavras “mamãe passear” e seguem comandos de duas etapas “pegue a bola e coloque na mesa”. Aos 3 anos de idade a criança consegue se comunicar bem pela fala e pode ser compreendida em 75% das vezes.               

O atraso existe quando a criança, de modo persistente, não desenvolve essas habilidades. É muito importante que o desenvolvimento da linguagem seja acompanhado pelos familiares e pediatra, porque se um atraso for identificado será necessário realizar uma avaliação mais profunda. 

O primeiro ponto é descobrir o que está causando o atraso. O atraso da linguagem pode ser a própria condição, como no Distúrbio Específico da Linguagem, ou ser consequência de uma outra situação de saúde: déficit auditivo (surdez), autismo, déficit intelectual, paralisia cerebral e epilepsia, são exemplos. 

No geral, as crianças com dificuldades nas habilidades da linguagem podem apresentar adversidades nos relacionamentos, baixo desempenho escolar, irritabilidade e sentimento de frustração. Por isso receber apoio é fundamental! 

Buscar ajuda é o primeiro passo para entendermos o que está acontecendo, e também porque quanto mais cedo iniciarmos o tratamento maiores serão as chances de a criança desenvolver a habilidade. Devemos lembrar que nos primeiros anos de vida o cérebro aprende melhor. 

Se você tem dúvidas sobre o desenvolvimento de uma criança, converse com o seu médico, isso pode ser super importante para o seu filho(a). 

Dra. Ana Carolina Macedo 

Neurologista infantil