Dormir é um aspecto fundamental da vida – tem função de restauração, conservação de energia e proteção. Na infância assume um papel ainda mais importante: é crítico para o desenvolvimento do cérebro!
O sono de qualidade ruim pode causar prejuízos físicos, psicológicos e cognitivos, com impacto na memória, capacidade de manter a atenção, regulação do humor e do comportamento. Essa é uma questão médica bastante comum, 20% a 30% das crianças apresentam, até a adolescência, alguma alteração do sono.
Principais queixas:
- Dificuldade em iniciar e manter o sono;
- Múltiplos despertares à noite;
- Sono não restaurativo;
- Movimentos e comportamentos anormais;
- Cansaço ou sonolência durante o dia.
A insônia é o principal distúrbio do sono na infância, com diferentes causas a depender da faixa etária:
- Até os dois anos as principais causas são: hábitos inadequados, alterações gastrointestinais (refluxo, alergias alimentares, cólicas), ingestão excessiva de líquidos e infecções;
- Dos dois aos três anos: hábitos inadequados, medo ou ansiedade de separação dos pais, cochilos com duração e horários inapropriados e infecções;
- Dos três aos dez anos: falta de estabelecimento de limites, medo ou pesadelos, infecções e doenças crônicas.
O sono e o ambiente
A Insônia Comportamental é dividida em dois tipos, por falta de limites ou por hábitos inadequados.
A primeira situação ocorre quando a criança apresenta resistência em ir para a cama no horário habitual ou de retornar à cama após acordar na madrugada. Os cuidadores não sabem lidar com esse comportamento e acabam não colocando limites, deixando que a criança escolha, por exemplo, o horário que deseja dormir.
Já a insônia por hábitos inadequados ocorre quando o bebê ou a criança não aprende a adormecer sozinho, depende sempre de um estímulo externo, como ser ninado ou mamar. Se esses fatores não estão presentes a criança tem muita dificuldade para dormir.
Como agir?
O tratamento principal nos dois casos será a terapia cognitivo comportamental, educação dos pais e retirada gradual dos estímulos indesejáveis.
Sempre que uma dificuldade com o sono é identificada, a família e a criança precisam receber apoio, informação e direcionamento. Avaliação médica é necessária se as questões ambientais não justificarem a qualidade do sono ruim, nesses casos outras situações de saúde deverão ser investigadas.
Aprender a adormecer é prática que requer aprimoramento. Corrigir as questões ambientais pode demandar tempo e persistência. Desse modo, estabelecer bons hábitos já no início da vida é fundamental. Conhecer o modo como o sono funciona, os padrões da criança e o ambiente são fatores que nos ajudam a construir boas relações para o sucesso desse processo.
Dra. Ana Carolina Macedo
Neurologista infantil